Vem quente, que eu estou fervendo

Eduardo Araújo & Carlos Imperial

Cantor e compositor, o mineiro Eduardo Araújo é também fazendeiro e criador de gado, como o pai e o irmão Lívio, na cidade de Joaíma (MG). Uma ocasião, ao discutir um impasse numa transação de gado, Lívio, que é muito espirituoso, disse para o comprador: “Para a gente fechar o negócio vou tirar umas tantas cabeças e fazer o preço. Se a proposta lhe convier, pode vir quente que eu estou fervendo.” Imediatamente, Eduardo sentiu que a frase dava música e começou a compor o refrão, deixando a segunda parte para o parceiro Carlos Imperial.

Um letrista razoável, atento aos modismos e com o faro do sucesso, mas, sobretudo, figura de grande importância no processo de popularização do rock no Brasil — participou de uma infinidade de programas de rádio e televisão e ajudou na iniciação profissional de vários artistas, inclusive Roberto Carlos —, Imperial fez então uma letra rebelde e divertida: “Pode tirar seu time de campo / o meu coração é do tamanho de um trem / iguais a você eu apanhei mais de cem / (…) / mas se você quer brigar / e acha que com isso estou sofrendo / se enganou meu bem / pode vir quente que eu estou fervendo…”.

O “Rei do Rock de Minas”, Eduardo Araújo andava na época afastado das atividades artísticas, morando numa fazenda, depois de ter sido, no início dos anos sessenta, um assíduo convidado de programas das radios e tevês como “Alô Brotos” (Mayrink Veiga), “Hoje É Dia de Rock” (TV Rio) e “Os Brotos Comandam” (TV Continental). Mesmo assim, resolveu retornar para gravar na Odeon o seu primeiro elepê, “O bom”, que incluiu “Vem quente que eu estou fervendo”, com a harmonia da primeira parte passando para o modo maior, por sugestão do maestro Peruzzi, a fim de dar, segundo ele, maior peso ao arranjo da banda (ouça adiante!).

No entanto, foi a gravação de Erasmo Carlos, imediatamente posterior, com um grupo de rock e mantendo a harmonia original, que estourou nas paradas (Confira em ‘O tempo não apagou’). Coincidindo com outros êxitos seus como “O bom” (em que seu nome, por lapso, não constou como co-autor) e “Goiabão”, “Vem Quente…” projetaria Eduardo entre os ídolos da juventude, sendo ele convidado para comandar, ao lado da cantora Silvinha, com quem se casou, o programa “O Bom”, transmitido aos sábados pela TV Excelsior, na mesma linha da “Jovem Guarda”, da Record.

Já Carlos Imperial, que morreu aos 57 anos, em 4/11/92, deixou além de “Vem quente que eu estou fervendo”, vários grandes sucessos como “A praça”, “Mamãe passou açúcar em mim”, “Nem vem que não tem”, “O carango” e o samba “Você passa, eu acho graça” – (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Extraído de http://cifrantiga3.blogspot.com.br

Eduardo Araujo(1967)

 

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A voz rouca e encorpada de Eduardo Araújo já ecoava pelos campos da fazenda de seu pai em Joaíma, no interior de Minas Gerais, desde muito cedo, e logo o fez perceber que a carreira de veterinário talvez não fosse a melhor opção para sua vida. Partiu então em busca de outras terras e resolveu cavalgar pelas notas e acordes dançantes de um ritmo novo que surgia com força e ousadia no cenário musical brasileiro: a “Jovem Guarda”. Liderada por nomes como Roberto Carlos e Erasmo Carlos e tendo ainda em seu elenco as presenças marcantes de Renato e seus Blue Caps, Ronnie Von, The Fevers, Jerry Adriani, além das musas Wanderléa, Rosemary e Sylvinha Araújo, dentre outros, a “Jovem Guarda” logo emplacaria nas paradas de sucesso e faria com que um desesperançado Eduardo Araújo deixasse novamente a fazenda de seu pai para trás e voltasse ao Rio de Janeiro, atrás do sonho de cavalgar na crista da onda daquelas canções. O que aconteceu efetivamente no ano de 1967 quando estourou com o seu primeiro sucesso, a canção “O bom”, de Carlos Imperial, que traduzia o comportamento e a postura musical e artística daquela nova geração de músicos.

Eduardo Araújo sempre se mostrou um artista inventivo e original que além de comandar o programa “O bom”, na TV Excelsior, ao lado de sua futura esposa Sylvinha Araújo, também começava a fazer experimentos na música brasileira. O maior sucesso autoral de Eduardo Araújo até hoje ainda é a música “Vem quente que eu estou fervendo”, em parceria com Carlos Imperial, verdadeiro Midas das paradas de sucesso da música brasileira.

Extraído de http://www.esquinamusical.com.br/

Tags: Araujo / Erasmo / fervendo / Imperial / quente /
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