João valentão
Este samba-canção clássico foi inspirado em um pescador chamado Carapeba, muito amigo de Caymmi, e é considerado um dos melhores perfis humanos traçados pelo poeta seresteiro da Bahia. O João Valentão do título, aparentemente um homem rude e truculento, quando entra em contato com as coisas da natureza, se transforma em uma pessoa dócil, “que nunca precisa dormir pra sonhar”. Caymmi o gravou na Odeon em 28 de maio de 1953 (Ouça abaixo!), com lançamento em agosto do mesmo ano, disco 13478-B, matriz 9726. Tem várias regravações.
Extraído de Samuel Machado Filho
Dorival Caymmi & Osvaldo Borba e Orquestra(1953)
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De Athos Schmidt em http://jornalggn.com.br :
Em 2002, eu queria cantar “João Valentão” em uma apresentação na semana cultural da Associação Médica do Rio Grande do Sul. Comentei por telefone com um amigo, criado em Minas, “que pena que ele não estivesse ainda vivo”, senão eu pediria a ele a partitura de um arranjo, para que o pianista pudesse me acompanhar.
Esse amigo, cuja família é de Mar de Espanha, é que me contou que ele estava muito vivo em Pequeri.
No dia seguinte, de noite cedo, resolvi arriscar uma idéia maluca que me deu. Liguei para informações de Minas Gerais e disse que eu queria o telefone de Dorival Caymmi em Pequeri. Para minha surpresa, veio logo a gravação “o número solicitado é…”. Eu tomei nota. Ainda meio sem acreditar, liguei. Atendeu uma senhora, a quem eu disse que queria falar com o senhor Dorival Caymmi. “Quem é?” “Aqui é um médico, do Rio Grande do Sul, que gostaria muito de falar com ele”, respondi, meio atrapalhado. Ouvi “um momento, por favor”, com um arrepio na espinha.
“Alô – disse ele – “quem é?”
Eu me identifiquei e disse que queria cantar uma música sua. Perguntei pela partitura.
Ele não tinha partitura nenhuma, mas perguntou “o senhor conhece bem a minha música, doutor?” Eu disse que sim. “E esse pianista que vai lhe acompanhar não sabe seguir o senhor?”. Meio encabulado, tive que explicar que se tratava de um pianista clássico, daqueles que só tocam o que está no papel. “Ah!”, disse ele com um tom complacente, “que pena!”
Me perguntou se eu gostava das músicas dele. “É claro que sim, maestro” – e maestro era a única palavra que na hora eu encontrei para me dirigir ao mestre. Ele quis saber o que eu fazia, eu perguntava sobre como ele estava e disse que prazer e que orgulho estar falando pessoalmente com ele, que para mim era um ícone, um monstro sagrado da música, desde a minha infância.
Um homem simples, humilde, que parecia lisonjeado por ter sido lembrado depois de tanto silêncio.
Eu, lisonjeado pela permissão que ele dava de entrar de surpresa em sua casa e ser recebido de forma tão gentil.
Conversamos cerca de meia hora. Depois desligamos. Ele disse que ligasse para conversar sempre que quisesse. Eu também lhe dei meu telefone. Nunca mais nos ligamos, nem nos falamos de novo. Foi daqueles recortes da vida que ocorrem apenas uma vez, marcam… e bastam.
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Tipos da vida real inspiraram vários personagens que habitam as canções de Dorival Caymmi, como o amigo Zezinho (“Maracangalha”), a anônima dançarina de frevo (“Dora”) e o pescador Carapeba, modelo de “João Valentão”.
Com um prólogo em andamento rápido e duas partes lentas, em ritmo de samba-canção, esta composição retrata a figura de João Valentão, um sujeito rude, brigão, mas que também tem seus momentos de amor e ternura.
Uma peça tipicamente caymmiana, “João Valentão” ostenta versos do mais puro lirismo como os que encerram a segunda parte: “E assim adormece esse homem / que nunca precisa dormir pra sonhar / porque não há sonho mais lindo / do que sua terra / não há”.
Extraído de http://cifrantiga3.blogspot.com.br
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JOÃO VALENTÃO É UM CARA LEGAL
Eduardo Biz em 05/04/2010
Na revista ‘Veja’ dessa semana, o colunista Roberto Pompeu de Toledo escreveu um texto bacana sobre três grandes personagens da MPB, encontrados em canções célebres do repertório nacional. Um deles é João Valentão, da música de Dorival Caymmi de mesmo título, que fui conhecer há alguns anos através de um DVD da Maria Bethânia, onde Nana Caymmi faz uma participação especial.
Essa música sempre me chamou atenção, não apenas pela interpretação forte da Nana, mas pelas contradições que a letra carrega. Basicamente, como o próprio título sugere, fala sobre um brutamontes que não dispensa uma boa briga, mas cujo coração amolece no final do dia, quando chega cansado para o aconchego do lar.
Não sei explicar exatamente porque, mas acho que essa música tem um alto nível de identificação com nós brasileiros, e sinto um certo orgulho patriótico ao ouvi-la. Talvez seja porque João Valentão é, simultaneamente, o bruto e o sensível, como nós também aprendemos a ser para conseguir viver num país tão problemático e também tão belo. Esse lance de “não precisar dormir pra sonhar, porque não há sonho mais lindo do que sua terra” me pega de jeito, ou vai ver só acordei meio tupiniquim hoje.
Extraído de https://blogalgunstormentos.wordpress.com
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No programa “Brasil Sonoro” levado ao ar no dia 30/04/2016, pela E-Paraná – 97,1 FM e 630 AM, a canção “João valentão” foi por nós lembrada no quadro ‘QUAL DELAS ?’ (ouça adiante!).
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