Aceito seu coração
Caso semelhante ocorreu ao compositor Francisco Fraga, o “Puruca”, da dupla “Os Jovens”. Em 1969, ele compôs uma canção sobre a solidão de um cara num automóvel e estava certo de que Roberto Carlos ia querer gravá-la. Numa tarde, no estúdio da CBS, ele mostrou essa composição ao cantor, que ouviu, elogiou, mas disse que já tinha uma outra sobre o mesmo tema reservada para o disco. E Roberto Carlos cantou “As curvas da estrada de Santos”. Diante disso, Puruca já ia guardando seu violão quando Roberto Carlos lhe perguntou se ele não teria outra composição. Puruca não tinha, ou melhor, tinha uma canção ainda incompleta, com apenas a primeira parte. “Mostra assim mesmo”, insistiu o cantor. Puruca hesitou um pouco, mas acabou cantando a parte inicial de “Aceito seu coração”: “Eu não pensava que você/ viesse pra ficar/ felicidade traz pra mim/ o que passou não quero mais lembrar/ só quero ter/ você aqui…”. Foi o que bastou para Roberto Carlos perceber que estava diante de uma grande canção. “Puruca, faz a segunda parte que vou gravar esta música”, disse-lhe decidido. Uma semana depois, Puruca lhe entregou a canção completa. Erasmo Carlos estava de passagem no estúdio da CBS quando Roberto o chamou e disse: “Erasmo, estou aqui com uma música do Puruca que é uma brasa”. Faixa do álbum de Roberto Carlos em 1969, “Aceito seu coração” ganhou excelente arranjo do maestro Alexandre Gnattali e grande interpretação do cantor, constituindo-se numa das mais lindas canções de amor dos anos 60 (ouça adiante!).
“Puruca” também conhecido por Francisco Fraga, encerrou sua carreira como cantor em 1968, quando a dupla “Os Jovens” acabou pela primeira vez. Como compositor, gravou com outros cantores por volta de 50 canções, sendo umas 10, sucessos nacionais: “Você fala demais”, “Para me abandonar”, Fica perto de mim”, “Esperando você”, “Deixe de esnobar”, “Ainda lhe espero”, “Não é mole” e etc.
Suas últimas composições foram gravadas em 1979 por Maurício Reis e Betto Dougllas em 1982, cantores nordestinos. Reside hoje em Bonsucesso no Rio de Janeiro.
Extraído de Fernando Souza
Roberto Carlos(1969)
X.X.X.X.X.X.X.X.X
A música começa com um verso sereno, suave como um final de tarde de sábado na praia: “Eu não pensava que você viesse pra ficar”. E depois a balada vem inteira, sem rodeios, tomando de assalto o ouvido com tiradas do tipo “em cada dia quero ver de novo renascer/ o amor que nunca mais senti”. É assim mesmo, de tirar o fôlego, a maranhense Rita Ribeiro interpretando “Aceito seu coração”, música de um cara chamado ‘Puruca’ gravada inicialmente por Roberto Carlos em 1969.
Não há exagero. “Aceito seu coração” é uma pérola aos românticos declarados, incorrigíveis. Sem esforço algum, a voz de Rita Ribeiro alcança uma simplicidade que encanta. A regravação da música pode ser vista num belo videoclipe perdido no oceano do Youtube, ali postado desde 2008. Vale o bilhete de embarque. Dirigido por Luciano Pérez e Jean Wyllys, aquele que venceu o BBB e depois se elegeu deputado federal, o videoclipe tem a medida certa da música, meio retrô, meio casual. O filme é uma elegia desgovernada pelo mar do Rio de Janeiro, alternando com a paisagem dos transeuntes da zona sul e com um cenário caseiro misturando vinhos, incensos, iPods e fotografias em sépia (Confira em ‘O tempo não apagou’).
É música pra ouvir, virar pro lado e beijar na boca, como a rigor deve ser a utilidade das baladas românticas. Ou pra ouvir no carro, povoar o cinzeiro, rabiscar um desenho qualquer no papel com a cabeça nas alturas, andar na calçada com o fone no ouvido, pincelar umas letras, escrever uma carta, pendurar um quadro na parede, rever o porta-retrato, beber uma ideia…
A música não é de Roberto Carlos, mas o “Rei” tem dessas manias: deixar com a voz um espólio de canções simples que atravessam o tempo e se misturam com facilidade ao cotidiano. O disco de 1969 tem ainda músicas antológicas, como “Sua estupidez”, “Não vou ficar”, “As curvas da estrada de Santos” e “As flores do jardim da nossa casa”.
Não é uma música tristonha do tipo fossa ou dor de cotovelo, mas uma canção resignada, bem resolvida, que embala com sutileza qualquer romance estremecido, adormecido, e sacoleja corações distraídos. Você pode não acreditar. Apenas sinta.
Postado por Félix Alberto Lima em 07/10/2011
Extraído de http://oredemoinho.blogspot.com.br
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