Cálice

Gilberto Gil & Chico Buarque

“Nem sempre, porém, os problemas eram apenas com a censura, como ficou demonstrado no caso de ‘Cálice’. A música foi composta por Chico e Gilberto Gil, no clima pesado de uma Sexta-feira Santa, para o show Phono 73, que a gravadora Phonogram (ex Philips, e depois Polygram) organizou no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo, em maio de 1973. Como a censura havia proibido a letra, os dois autores decidiram cantar apenas a melodia, pontuando-a com a palavra cálice – mas nem mesmo isto foi possível. Segundo o relato do ‘Jornal da Tarde’, a Phonogram resolveu cortar o som dos microfones de Chico, para evitar que a música, mesmo sem a letra, fosse apresentada.'”(ouça adiante!)

Extraído de Humberto Werneck em ‘Chico Buarque Letra e Música’, Cia da Letras, 1989

Tentativa de Chico e Gil ao vivo(1973)

 

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CÁLICE – A canção contada

“Cálice” é uma canção escrita e originalmente interpretada pelos cantores brasileiros Chico Buarque e Gilberto Gil em 1973, mas foi lançada somente em 1978.

Censurada pela ditadura militar, a canção foi liberada cinco anos depois e apareceu pela primeira vez no álbum ‘Chico Buarque”, tendo Milton Nascimento nos versos de Gil, e em seguida no álbum Álibi de (Maria Bethânia (confira em ‘O tempo não apagou’).

“Cálice” foi composta para o show Phono 73, que a gravadora Phonogram (atual Universal) organizou no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo, em maio de 1973. O evento reuniria em duplas os maiores nomes de seu elenco, onde deveria ter sido cantada por Gil e Chico.

No dia do show, quando os dois começaram a cantar “Cálice” tiveram os microfones desligados. De acordo com Gil, a canção havia sido apresentada à censura e eles foram recomendados a não cantá-la. Os dois haviam decidido, então, cantar apenas a melodia da canção, pontuando-a com a palavra “cálice”, mas isto também não foi possível. Segundo o relato do Jornal da Tarde, a Phonogram resolveu cortar o som dos microfones, para evitar que a música, mesmo sem a letra, fosse apresentada. Irritado, Chico tentou os microfones mais próximos, que também foram cortados em seguida.

A canção foi eventualmente liberada cinco anos depois, tendo sido lançada em novembro de 1978 no álbum ‘Chico Buarque’ ao lado de “Apesar de você”, “O meu amor”, “Tanto mar” e outras canções censuradas pelo regime. À época, Chico declarou que aquele não era o tipo de canção que estava compondo (estava trabalhando no repertório de ‘Ópera do malandro’), mas que elas deveriam ser registradas, pois a liberação tardia não pagava o prejuízo da proibição. Na gravação, as estrofes de Gil, que estava trocando a Polygram pela WEA, foram interpretadas por Milton Nascimento, fazendo coro com o MPB4, em dramático arranjo de ‘Magro’ (ouça adiante!).

Gil havia composto o refrão “Pai, afasta de mim este cálice / de vinho tinto de sangue“, uma óbvia alusão à agonia de Jesus Cristo no calvário, tendo a ambiguidade (cálice / cale-se) sido imediatamente percebida por Chico. Esse elaborado jogo de palavras tinha a intenção de despistar a censura da ditadura militar brasileira. Gil havia composto ainda a primeira estrofe da canção. A partir de dois encontros com Chico, compôs a melodia e as demais estrofes, quatro no total, sendo a primeira e a terceira de Gil e a segunda e a quarta de Chico.

Extraído de http://pt.wikipedia.org

Chico Buarque & Milton Nascimento & MPB4(1978)

 

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Gilberto Gil em ‘A canção contada’:

 

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