Marcha da quarta feira de cinzas
“Marcha da quarta-feira de cinzas” foi composta em 1963 por Carlos Lyra (1936) e Vinícius de Moraes (1913/1980).
A melodia foi composta por Carlos Lyra. Vinícius de Moraes então colocou letra nesta pérola da MPB.
Composta antes de 1964, a “Marcha da quarta-feira de cinzas” é assim uma espécie de protesto premonitório contra a realidade imposta pela ditadura militar. Pertence àquela fase inicial do CPC (Centro Popular de Cultura) em que Carlos Lyra incorpora à sua obra uma temática político-nacionalista, tendo sido feita no mesmo dia em que ele e Vinícius haviam concluído o “Hino da UNE” (“De pé a jovem guarda / a classe estudantil / sempre na vanguarda / trabalha pelo Brasil…”).
Mas, com sua mensagem disfarçada no lirismo melancólico de uma marcha-rancho, a composição pode ser considerada um belo exemplar do gênero música de protesto: “Acabou nosso carnaval / ninguém ouve cantar canções / ninguém passa mais brincando feliz / e nos corações / saudades e cinzas foi o que restou…” A passagem com o acorde de sétima maior de dó antecedendo a frase “e no entanto é preciso cantar”, após a pungente primeira parte, cria um momento mágico, na medida em que envolve a plateia inteira e a faz cantar suavemente embalada por um simples violão.
Um clássico de seu tempo, a “Marcha da quarta-feira de cinzas” é uma daquelas raras canções capazes de encerrar com elevada dose de emoção um espetáculo musical. Embora consagrada pela voz de Nara Leão (confira em ‘O tempo não apagou’), teve sua gravação inicial por Jorge Goulart em fevereiro de 1963 (ouça adiante!).
A canção fez parte da trilha sonora da novela “Fera ferida” Vol.2 (1993/94 – Leila Pinheiro).
Fonte: A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34.
Extraído de http://museudacancao.blogspot.com.br/
Jorge Goulart & Coro(1963)
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E assim, a Marcha da 4a feira de cinzas, escrita por Carlos Lyra e Vinicius de Moraes em 1962, foi naturalmente selecionada por Oduvaldo Vianna Filho, Paulo Pontes e Armando Costa para ser apresentada no Show Opinião:
Essa canção exemplifica, com nitidez, as inter-relações entre Bossa Nova e o novo imaginário calcado no programa sobre o nacional e o popular na cultura brasileira. Com letra de Vinicius de Moraes, esta marcha-rancho tornou-se um dos grandes sucessos no ano do seu lançamento: 1962. Na realidade, esse texto denota um forte otimismo e esperança numa possível mudança histórica, tendo o povo como o seu principal porta-voz. No Show Opinião, em dezembro de 1964, essa canção inseriu-se num outro contexto histórico: peça teatral como resistência à ditadura recém-instaurada no País e, além disso, as tropas do governo já haviam destruído, em seu sentido literal, a sede da UNE no Rio de Janeiro, iniciando as perseguições aos ex-cepecistas.
Nesta Marcha… notamos um pleno ajustamento entre o refinamento e a elegância do texto poético e as inflexões melódico-harmônicas do canto-falado. E a sua forma – marcha-rancho – ajustava-se com o movimento da Bossa Nova não comprometido somente com o samba:
(…) até certo ponto, o samba é a raiz da bossa nova. Mas a bossa nova não é somente samba. As raízes da música brasileira vão além. Por isso, a bossa não pode ser somente o samba. Ela às vezes fica restrita ao universo do samba porque João Gilberto é um cantor sambista. Ele canta sambas na maior parte do seu repertório. Então, passou para muita gente, inclusive no exterior, a ideia de que a bossa nova é um sambinha: `samba bossa nova’. Com isso eu não concordo (Carlos Lyra).
Na Marcha…, Carlos Lyra refutou, em parte, a tese de Carlos Estevan Martins a respeito da negação da estética e da positividade do conteúdo na elaboração de um texto cultural (teatro, poesia, música). Fundamentalmente, no campo musical, compositores de talento e fortemente marcados pelas escutas dos impressionistas, dos cantores de jazz, jamais poderiam simplificar suas melodias ou pesquisas timbrísticas na busca de um som mais simples ou de um texto didático e esquemático a ser decodificado com facilidade pelo povo. Em síntese, Carlos Lyra e Edu Lobo não podem ser rotulados como autores de canções didático-políticas, sem nenhum diálogo com as tendências técnico-estéticas mais significativas do século XX.
Extraído de http://www.scielo.br/ escrito por Arnaldo Daraya Contier
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Originalmente gravada pelo próprio Carlos Lyra, e lançada em seu terceiro LP, em maio de 1962 (ouça adiante!). No ano seguinte, saiu pela Copacabana este registro de Jorge Goulart, integrando o 78 rpm n. 6503-B, matriz M-3586.
Extraído de Samuel Machado Filho
Carlos Lyra & Tamba Trio(1962)
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Em seu terceiro disco solo, Carlos Lyra (Rio de Janeiro, 1936) propõe o “Sambalanço”, menos “classe-média” e mais engajado do que a bem-comportada ‘Bossa Nova’. Lançado um ano antes do golpe que instituiu a ditadura militar, o disco não poupa o tom político, ainda que com a brandura de uma (premonitória) “Marcha da quarta feira de cinzas”, onde, apesar “das cinzas”, “mais que nunca é preciso cantar.”
Extraído de http://osomdovinil.org/
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