Juízo final

Nelson Cavaquinho & Élcio Soares

Em 13/09/2015 por Danilo Sanches

Postar “o sooooool” é o novo “oi oi oi” que pipocava nas redes durante a abertura da novela “Avenida Brasil”.

Mas bem antes de Alcione dar voz à canção, outros grandes nomes da música brasileira interpretaram o samba.

O cantor original foi Nelson Cavaquinho, em 1973 (ouça adiante!). Com autoria do próprio Nelson e Élcio Soares, a canção foi lançada no LP “Nelson Cavaquinho”, que trouxe outros clássicos como “Folhas secas”.

Recentemente, em 2011, ele foi homenageado com o enredo “O Filho Fiel, Sempre Mangueira” e “Juízo final” foi citada no discurso de abertura do desfile.

Já em 1975, Clara Nunes regravou “Juízo final” no LP “Claridade, o de maior sucesso da carreira da cantora (confira em ‘O tempo não apagou’).

Em tributo aos 60 anos que Clara Nunes teria completado em 2003, grandes artistas se uniram no álbum “Um Ser de Luz – Saudação à Clara Nunes” para interpretar o repertório dela.

A regravação de “Juízo final” nesse projeto ficou a cargo de Dona Ivone Lara.

Seu Jorge também deu sua interpretação para a faixa no disco “Seu Jorge e Almaz”, na estreia de seu projeto coletivo com outros músicos, em 2010.

Mas a versão mais tocada ultimamente é a de Alcione, todos os dias no horário nobre.

Marrom lançou em 1999 o álbum “Claridade”, uma homenagem a Clara Nunes, com “Juízo final” na trilha. Para a abertura de “A Regra do Jogo”, Alcione deu uma repaginada em estúdio e o instrumental ficou ainda mais intenso. Dá o play na primeira versão e repara na diferença.

Viu só como “o soooool” tem história?

Extraído de http://xd.globo.com/

Nelson Cavaquinho & Coro(1973)

 

X.X.X.X.X

 

O juízo final na visão de Élcio Soares e Nelson Cavaquinho

Em 12 de dezembro de 2012, por GEBALDO JOSÉ DE SOUSA

gebaldojose@uol.com.br

De Goiânia-GO

 

Copiando o Astolfo Olegário – que ele me perdoe! – digo que, entre “as mais belas canções que ouvi”, figura “Juízo final”, de Nelson Cavaquinho e Élcio Soares. Ei-la:

 

“O sol há de brilhar mais uma vez;

A luz há de chegar aos corações;

Do mal será queimada a semente:

O amor será eterno novamente!

 

E o juízo final

– A história do Bem e do Mal –,

Quero ter olhos pra ver:

A maldade desaparecer!”

 

Esta síntese belíssima, de pura poesia, fala de esperança, de um amanhã de plena paz, tal como preconizado por Jesus!

As interpretações de D. Ivone Lara, de Clara Nunes (confira em ‘O tempo não apagou’) e do próprio Nelson são minhas preferidas e podem ser ouvidas no YouTube. Muitas outras, apesar de excelentes, deturpam a letra.

Além dessa, há inúmeras outras obras-primas de Nelson Cavaquinho com diversos parceiros, entre as quais destaco “A flor e o espinho”, “Rugas”, “Folhas secas”, “Quando eu me chamar saudade”, “O bem e o mal”, “Minha festa”; e há muitas mais!

Reproduzimos excertos de um texto do pesquisador José Ramos Tinhorão, escrito para sua coluna no Caderno B do Jornal do Brasil (4/1/1974), quando do lançamento do disco de Nelson:

A boa palavra de Nélson Cavaquinho

Nos últimos anos, com a descoberta dos grandes criadores das camadas populares por parte da juventude de nível universitário, o compositor Nelson Cavaquinho passou a ser reconhecido oficialmente como gênio.

Essa fama, porém, começava a perigar porque, apesar da legenda criada em torno da figura do curioso trovador de cabelos brancos, faltava uma prova em disco. É essa prova que a Odeon vem oferecer agora com o seu LP Nelson Cavaquinho (smofb-8 809), e que constitui, mais do que um documento de genialidade, uma obra de amor. Pela primeira vez em seus quarenta anos de compositor, Nelson Cavaquinho é tratado com a compreensão e o respeito que o seu rústico talento merecia – e estava precisando.

(…)

Logo na primeira faixa do disco (samba “Juízo final” em parceria com Élcio Soares), o compositor oferece uma prova disso quando canta – com um otimismo que situa simbolicamente o povo muito acima do medo e da falta de horizontes que assustam as estruturas – “O sol há de brilhar mais uma vez/A luz há de chegar aos corações/Do mal será queimada a semente/O amor será eterno novamente”. Com um profundo sentido metafísico da necessidade de viver – pois que viver é, afinal, o ofício do homem – Nelson Cavaquinho mostra que nessa tarefa é sempre preciso fazer uma escolha, e mesmo quando ela deve ser feita entre o bem e o mal, enquanto houver esperança, ninguém se perderá: “Nunca é tarde pra quem sabe esperar/O que se espera há de se alcançar/Eu plantei o bem e vou colher o que mereço/A felicidade deve ter meu endereço”. (O Bem e o Mal em parceria com Guilherme de Brito). E o impressionante em Nelson Cavaquinho é que todas essas coisas são ditas musicalmente com uma extraordinária coerência: se a sua melodia é quase sempre repassada de nostalgia, o ritmo em que se apoia é invariavelmente vigoroso, como se estivesse querendo demonstrar, também em sons, que acima das incertezas da alma, ainda uma vez, está a necessidade da vida.” (Texto publicado originalmente no Jornal do Brasil, Caderno B, Rio de Janeiro, sexta-feira, 4/1/1974, p. 2; extraído do livro “Tinhorão, o legendário” – Anexo X – p. 227 a 230, de Elizabeth Lorenzotti, Editora IMESP, São Paulo, 2010.)

Para finalizar, eis pequeno trecho de Sérgio Cabral, na contracapa do LP “Depoimento do Poeta” – gravado em 1970 e relançado em 1974:

“(…) Aqui, vocês ouvirão a voz, as melodias e as letras de (não é modo de falar, não. É verdade) um gênio. A obra de um cara que não sofre da neurose da sobrevivência profissional. De um artista puro e integral.”

É obra, pois, que deve ser divulgada e conhecida por todos que amam a música em geral e, em especial, a verdadeira música brasileira, tão rica, harmoniosa e bela e que – pasmem! – não é divulgada como merecem, ela e a nossa gente!

Extraído de http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/

Tags: Cavaquinho / final / juízo / Soares /
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