Chorando prá Pixinguinha
Pixinguinha. Chorando de alegria
Em 22/04/2017
Cultura: Gênio, mestre ou santo, Pixinguinha foi uma referência para os maiores compositores da música brasileira. Hoje, o autor de Carinhoso completaria 120 anos de vida
Para Tom Jobim, ele foi um “gênio querido e humano”. Heitor Villa-Lobos o citava como um dos seus grandes mestres. Vinicius de Moraes foi além e o apontava como santo. O fato é que Alfredo da Rocha Vianna (ou Viana, há controvérsias) Júnior transcendeu o tempo e o ofício de músico para se tornar algo além. Rebatizado pela história como Pixinguinha, o carioca nascido há exatos 120 anos é apontado como o melhor compositor da música brasileira por nomes tão díspares quanto Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii), Paulinho da Viola, Chico César, Toni Garrido (Cidade Negra) e Martinho da Vila.
Sobre o assunto
- Música. Valsa Carinhoso completa 100 anos (confira em ‘A canção contada’).
O apelido célebre nasceu da junção de outros dois apelidos. A avó o chamava de “Pizin dim” (“menino bom”, num dialeto africano) enquanto a molecada da rua implicava com as marcas de varíola chamando o rapazote de “bexiguinha”. Dessa fusão veio o nome de um personagem nascido e crescido em berço musical formado na Piedade, subúrbio do Rio de Janeiro, numa época em que o choro vivia forte efervescência. Um dos pontos de encontro preferidos dos músicos era justamente a Pensão Viana, casarão de oito quartos e quatro salas onde Alfredo Viana, funcionário público e músico amador, criou os filhos num ambiente cheio de melodias e improvisos. Villa-Lobos, Sinhô, o flautista Juca Kalut, o trombonista Irineu de Almeida (o Irineu Batina) foram alguns dos que se misturaram aos Viana nas rodas de choro.
“Por volta das 20 ou 21 horas, meu pai dizia: ‘menino, vai dormir’. E eu, perfeitamente, ia para o quarto, mas não dormia não. Ficava ouvindo aqueles chorinhos que eu gostava tanto”, lembrou o próprio Pixinguinha em depoimento ao Museu da Imagem e do Som. Desse interesse vieram as primeiras lições, as primeiras notas, e aquele menino negro de sensibilidade aguçada aprendeu cavaquinho antes dos 9 anos, compôs a primeira música aos 12 (o choro Lata de Leite) e, aos 14, começou a trabalhar como músico profissional na Casa de Chope La Concha. Tocava flauta das 20 horas à meia-noite para receber 5 ou 6 mil réis. Nessa mesma época realizou suas primeiras gravações, como Nhonhô em Sarilho, que já mostrava a personalidade de Pixinguinha na flauta sem vibrato e tocada com “golpes energéticos”, como descreveu o músico Andrea Ernest Dias; e São João Debaixo D’água, gravada ao lado dos irmãos China, Leo e Henrique. A propósito, só após os 16 anos começou a se apresentar de calças compridas. Pioneiro Ao longo da carreira, Pixinguinha acumulou trabalhos como instrumentista, arranjador e compositor de alguns dos principais clássicos da música brasileira – Rosa, Lamentos e Carinhoso são só algumas delas. “Ele foi o pai da música brasileira. Chiquinha Gonzaga e Joaquim Callado faziam questão de transformar a música europeia em algo abrasileirado. Mas ele foi quem deu essa carimbada. Ele talvez seja o maior compositor da música autêntica brasileira”, resume o flautista e professor Marcelo Leite.
O músico cearense lembra que, na época, muitos músicos brasileiros se limitavam às partituras que vinham de fora, enquanto Pixinguinha escrevia de próprio punho. “Se você pegar as músicas dele, não tem uma que não tenha a divisão brasileira”, aponta Marcelo. “Pra nós, instrumentistas, ele representa muito porque sua música é uma escola. Representa nosso choro, nossa canção, clássicos da música instrumental brasileira. É um extraordinário compositor, foi pioneiro em muitas coisas, como levar grupos brasileiros para o exterior” acrescenta o acordeonista Adelson Viana.
HOMENAGEM
IMS reúne acervo de Pixinguinha em site
O Instituto Moreira Salles celebra os 120 anos de Pixinguinha lançando neste fim de semana um site onde reúne todo o acervo pessoal e musical do compositor. O material foi doado pela família do artista em 2000 e inclui instrumentos musicais, fotografias, peças de roupa, documentos, correspondências e outras raridades. Ao acerco foram somados ainda jornais e mais de 3 mil gravações disponíveis para audição.
“Tem um ouro que é a coleção de partituras dele, principalmente do trabalho mais pro final dos anos 1940, que é quando ele começa a guardar esse material efetivamente”, destaca Bia Paes Leme, coordenadora de música do IMS. Ela conta que uma parte acabou se perdendo, por exemplo, de quando ele foi diretor musical da RCA Victor. “Estava gravado, então não precisava mais”, explica acrescentando que alguns registros se misturavam com os de outros músicos.
Esse trabalho gerou o Catálogo crítico de obras de Pixinguinha, organizado por José Silas Xavier (biógrafo e pesquisador da obra de Pixinguinha) e Pedro Aragão (bandolinista, regente e musicólogo). “O Pixinguinha tem uma obra muito indeterminada. Obras atribuídas a ele não são dele, por que é uma época que era confuso mesmo. O choro tem uma tradição oral muito forte e os solistas de choro costumavam fazer um caderno com o repertório. Mas um dizia que o choro era de um, outro dizia que era de outro. Isso é que chegou aos dias de hoje”, explica Bia, que precisou cruzar informações com outros acervos, como os do Instituto Jacob do Bandolim (IJB), Instituto Casa do Choro (ICC) e do Instituto Piano Brasileiro (IPB).
Entre os planos para o futuro, está o de montar uma exposição com esse material que deve inaugurar uma nova sede do IMS em São Paulo.
Extraído de http://www.opovo.com.br
X.X.X.X.X
Ninguém melhor que Vinícius de Moraes prá trazer “A canção contada” de “Chorando prá Pixinguinha” em dois momentos.
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O álbum “São demais os perigos desta vida..” é o 2º da parceria entre os artistas Toquinho e Vinícius. Repleto de grandes sucessos como ‘Para viver um grande amor’, ‘Regra três’, ‘Cotidiano Nº 2’, ‘Chorando prá Pixinguinha’ (ouça adiante!) e a sua faixa-título, foi gravado em 1972.
Toquinho & Vinicius de Moraes(1972)
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