A voz do morro
Samba clássico de Zé Kéti, constituindo-se em seu maior sucesso autoral, ao lado da marcha-rancho “Máscara negra”, e merecedor de inúmeras regravações, inclusive a nível internacional. “A voz do morro” fez parte da trilha sonora do filme “Rio, quarenta graus”, de Nélson Pereira dos Santos, mas seu sucesso só aconteceu mesmo em disco. Este é o registro original, feito na Continental pelos Vocalistas Tropicais em 28 de junho de 1955 e lançado em novembro-dezembro seguintes no 78 rpm n.o 17198-A, matriz C-3657 (ouça adiante!).
No mesmo suplemento, foi lançada a gravação de Jorge Goulart, feita três meses depois (30 de setembro de 55) e que teve repercussão ainda maior (ouça adiante!). Até hoje lembrado, e com justiça, “A voz do morro” foi uma das músicas mais cantadas no carnaval de 1956.
Extraído de Samuel Machado Filho
Vocalistas Tropicais(1955)
Jorge Goulart(1955)
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Cantada pela primeira vez na quadra da “União de Vaz Lobo”, escola a que Zé Keti pertencia na ocasião, “A voz do morro” se tornaria o seu primeiro sucesso. Para isso, contribuiu sua inclusão na trilha musical do filme “Rio 40 Graus” e, posteriormente, sua adoção como prefixo do programa de televisão “Noite de Gala”.
Ufanista a seu modo, “A Voz do Morro” faz a exaltação do samba através de versos como: “Eu sou o samba / a voz do morro sou eu mesmo, sim senhor l quero mostrar ao mundo que tenho valor / eu sou o rei do terreiro…”.
Extraído de http://cifrantiga3.blogspot.com.br
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Esta música foi composta por Zé Keti (1921/1999) em 1952. Na época já existia a intenção de praticar uma política de remoção de favelas, que servia ao mesmo tempo à especulação imobiliária e a um ideal de “embelezamento” e ordenação urbana que simbolizava o progresso capitalista, sob a égide da “ordem”. Tentaram na favela do Jacarezinho, mas a resistência organizada dos moradores impediu. Este projeto só pôde ser plenamente implantado após o golpe de 1964, quando os militares golpistas e seus lacaios no governo do estado do Rio de Janeiro podiam fazer uso mais aberto da violência para massacrar a resistência das populações faveladas.
Os defensores da política de remoção de favelas utilizavam como arma ideológica o “argumento” de que a favela era um reduto de marginais e vagabundos, para justificar as políticas das classes dominantes. Os moradores dos morros e favelas eram, e ainda são, também excluídos do direito à expressão de suas ideias, anseios, manifestações artísticas e culturais. Em suma, do direito à voz. Zé Keti veio, em seu nome, “mostrar ao mundo que tenho valor” e assim, dar sua contribuição para desmontar o argumento ideológico da marginalidade do morador de favela.
Depois do golpe, com a repressão à imprensa, não se poderia divulgar as violências praticadas contra aqueles que resistissem à política oficial. Isso facilitou a implementação daquelas políticas. Mesmo assim, corajosamente, nosso herói desafiava em “Opinião”:
“Podem me prender,
Podem me bater,
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião,
Daqui do morro, eu não saio não.”
E, de fato, batiam, prendiam, deixavam sem comer e, mais do que isso, torturavam, matavam, faziam desaparecer… e queimavam os barracos dos que se recusavam a sair, como na favela da Praia do Pinto. Batiam como bateram ao invadir o espetáculo “Opinião”, em São Paulo.
Extraído de Luiz Elias Sanches, Mestrando da CPDA/UFRRJ.
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