Bom dia
Apesar de ter sido gravada pela primeira vez como samba por Linda Batista, em 1942 (ouça adiante!), foi a versão de 1968, no disco ‘É tempo de amor’, dessa vez como bolero na voz de Dalva de Oliveira, que fez a canção “Bom dia”, de Aldo Cabral e Herivelto Martins, se imortalizar (confira em ‘O tempo não apagou’). Mas as duas versões tem suas qualidades.
O tema é mais uma vez a separação e a reação passional beirando o desespero do amante abandonado. A letra é carregada de expressões dramáticas e teatrais que ajudam a reforçar a interpretação não menos intensa de Dalva.
Há pelo menos um verso inesquecível: “O amor é o ridículo da vida”. Mas afinal, diria Fernando Pessoa, “só as pessoas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas”.
Destaque também para o uso dos verbos e pronomes na 2ª pessoa – “Não te convences”, “tu cometeste”, etc – que remetem o ouvinte a um discurso empolado, parnasiano e quase em desuso na palavra falada contemporânea. O tal “falar bonito”, que pouco tinha a ver com a realidade cotidiana do público de canção, mas que, talvez por isso mesmo, causava boa impressão.
Nada, entretanto, que atrapalhe o interessante passeio proposto pelo sujeito da canção. Somos arrastados a um trajeto doloroso: desde o travesseiro vazio, passando pelos aposentos que não tem mais o eco do amante, até terminar no irônico achado da toalha no banheiro: as palavras “Bom dia”.
A ironia do outro se revela quase corrosiva, perversa: como ter um bom dia depois de ser abandonado? “Nem sequer no apartamento deixaste um eco, um alento da tua voz tão querida”, portanto, como seguir sem aquele que me cantava, que me situava no mundo? Pergunta o sujeito.
Extraído de http://365cancoes.blogspot.com.br
X.X.X.X.X
Gravado por Linda Batista exatamente em 2 de julho de 1942 e lançado em setembro do mesmo ano, disco 34962-A, matriz S-052969 (ouça adiante!). Nessa época, Marília Batista, uma das intérpretes favoritas de Noel Rosa ao lado de Aracy de Almeida, integrava “As Três Marias” e canta solo o verso “E a ausência dos teus pertences”. Houve regravações por Dalva de Oliveira e Maria Bethânia (confira em ‘O tempo não apagou’), entre outras.
Extraído de Samuel Machado Filho
Linda Batista & As Tres Marias & Passos e Orquestra(1942)
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