Ciúme sem razão
Ao deixar a roupa suja no lugar apropriado, tropecei no diário da minha irmã de treze anos. Logo pensei: O que eu faço agora?
Eu sempre tive ciúme de minha irmã caçula. Seu sorriso charmoso, sua personalidade cativante e muitos outros talentos ameaçavam meu lugar como filha principal. Eu competia com ela silenciosamente e via crescer suas habilidades naturais.Por consequência, nós raramente nos falávamos. Eu procurava oportunidades para criticá-la e superar seus feitos.
Agora, seu diário estava aos meus pés. Eu não pensei nas consequências. Não levei em conta a sua privacidade, a moralidade de minhas ações, nem seus sentimentos. Eu apenas saboreei a chance de encontrar segredos suficientes para sujar a reputação de minha concorrente. Raciocinei que seria meu dever, como irmã mais velha, verificar suas atividades.
Apanhei o livro do chão e o abri. Folheei as páginas, procurando por meu nome, convencida de que descobriria tramas e calúnias. Quando encontrei, o sangue gelou em meu rosto. Era pior do que eu suspeitava. Senti-me fraca e sentei-me no chão. Não havia nenhuma conspiração, nenhuma difamação. Havia uma descrição sucinta de si mesma, de seus objetivos e de seus sonhos, seguidos por um curto resumo da pessoa que mais a inspirava. Eu comecei a chorar.
Eu era sua heroína. Admirava-me por minha personalidade, minhas realizações e, ironicamente, por minha integridade. Queria ser como eu. Tinha me observado por anos, quieta, maravilhando-se com minhas escolhas e ações. Eu parei a leitura, golpeada pelo crime que havia cometido.
Eu tinha perdido tanta energia para mantê-la fora do meu caminho…
Agora, eu violara sua confiança. Lendo as sérias palavras que minha irmã tinha escrito, me pareceu derreter uma barreira gelada em meu coração e eu desejei conhecê-la de verdade. Eu podia, finalmente, pôr de lado a insegurança estúpida que me manteve longe dela por tanto tempo.
Naquela tarde, quando consegui me sustentar sobre as próprias pernas, decidi ir até ela. Mas, desta vez, para conhecer em vez de julgar, para abraçar em vez de lutar. Para viver como verdadeiras irmãs.
* * *
Por vezes, temos agido como crianças, com relação às pessoas que nos cercam. Imaginamos que não gostam de nós, que desejam nossa infelicidade, nossa queda.
Importante não estabelecer pré julgamentos em nenhuma situação, por mais que os fatos conspirem a favor. Nem sempre será possível descobrir os sentimentos dos outros pelas aparências.
Há pessoas que não conseguem exprimir seus sentimentos e dão impressão de frieza ou indiferença. Por essa razão é que o pré-julgamento é altamente prejudicial.
Assim sendo, se for preciso imaginar os sentimentos dos outros, façamos esforços para imaginar sempre o melhor.
O ciúme produz o câncer da suspeita, transformando os sonhos de sua esperança em pesadelo cruel, que se converte em enfermidade demorada, a lhe corroer interiormente.
Pense nisso!
Redação do Momento Espírita, com base em
texto de Elisha M. Webster, traduzido
por Sergio Barros.
Em 13.01.2009.
X.X.X.X.X.X.X.X.X
Outras valsas conhecidas de Braguinha e Alberto Ribeiro são “Sonhos azuis” e “Linda borboleta”, ambas gravadas por Carlos Galhardo. Esta aqui foi imortalizada por Orlando Silva em 25 de agosto de 1937 (ouça adiante!), com lançamento em novembro seguinte, matriz 80600, e também foi apresentada no filme “Bombonzinho”, da Sonofilmes. Orlando regravaria “Ciúme sem razão” em 1959.
Extraído de Samuel Machado Filho
Orlando Silva & Diabos do Ceu(Pixinguinha)(1937)
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