Estatuinha
O clima político da época favoreceu o desenvolvimento de espetáculos teatrais que objetivavam a popularização de uma cultura engajada e nacionalista como resposta ao Golpe Militar. Nos espetáculos musicais, como aqueles produzidos pelo “Teatro de Arena” de São Paulo, nos anos de 1960, a música unificava o debate estético e o ideológico, reforçando o nacional-popular como caminho para a resistência. Em “Arena Conta Zumbi”, a música de Edu Lobo foi de suma importância para enriquecer o texto de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri. “Zumbi” utiliza-se de vários gêneros musicais para representar brancos (hinos patrióticos ou iê-iê-iê) e negros (sambas e batuques).
A música enquanto discurso sonoro é produto de um contexto histórico, pois, o compositor capta através de sua arte as tensões vivenciadas pela sociedade tornando-a um veículo para exposição de ideias. Neste contexto, o “Teatro de Arena”, através de seus idealizadores, estreitou a relação entre cultura e poder, sendo a música concebida como um elemento para uso político. Essa arte atuaria no sentido de contribuir para tornar as condições favoráveis à tomada do poder, por meio da conscientização popular.
Para o “Teatro de Arena”, a música constitui um meio para a formação de uma consciência coletiva, na medida em que age como facilitadora da comunicação, onde música e letra expressam o mesmo sentimento; de outro modo, o discurso verbal ao ser reafirmado por ela, favorece a reflexão sobre determinada conjuntura histórica. Nesse sentido, em “Zumbi” a música de Edu Lobo foi composta dentro de uma tessitura (conjunto de notas que podem ser emitidas por uma voz ou um instrumento) que favorece o canto coletivo, consequentemente a assimilação da letra.
Trecho extraído de “Arena conta Zumbi: a canção engajada no teatro”, de MARIA APARECIDA PEPPE.
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Nesse contexto entrou a canção “Estatuinha”, aqui com Marília Medalha, numa remontagem da peça, em 2006:
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“A Mão Livre do Negro” era cantada por Gianfrancesco Guarnieri, um de seus autores, na peça “Arena Conta Zumbi”. Quando desceu dos palcos de teatro para encantar a plateia nos espetáculos de Elis Regina, a música recebeu batismo novo. Acompanhada pelo conjunto “Zimbo Trio”, a “Pimentinha” registrou a música no álbum “Elis”, lançado em 1966 (ouça adiante!). Agora com o nome de “Estatuinha”, modo pelo qual os negros se referiam às estátuas de argila que construíam, a música, que tem melodia de Edu Lobo, versa justamente sobre esse universo. As desigualdades sociais e a condição do negro nesse cenário eram constantemente lembradas por aqueles que combatiam não só a ditadura vigente, como as heranças maléficas da escravidão. Por isso Elis aludia à panela nascida da argila, da mão do negro, “nasce panela pra gente comer”. Esta sua missão. Seu intento.
Extraído de de http://www.esquinamusical.com.br
Elis Regina & Zimbo Trio(1965)
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