Estrela de Madureira

Acyr Pimentel & Cardoso

‘Zaquia Jorge’, para quem não sabe, é a “Estrela de Madureira” cantada por Roberto Ribeiro no samba-enredo da dupla Acyr Pimentel e Cardoso, que acabou se transformando em sucesso nas rodas de todo o Brasil (ouça adiante!).

Em 1975 a escola escolheu como enredo “Zaquia Jorge, Vedete do Subúrbio, Estrela de Madureira”, sendo a disputa interna vencida pelo compositor Avarese (ouça adiante!). No entanto, o samba que ficou em segundo lugar, composto por Acyr Pimentel e Cardoso, acabou sendo gravado por Roberto Ribeiro sob o título “Estrela de Madureira”, e se tornou um clássico do samba, e também uma espécie de hino da escola, tornando-se muito mais famoso que o samba vencedor daquele ano.

E pensar que ao morrer, por afogamento na praia da Barra da Tijuca em 1957, ‘Zaquia Jorge’ levou mais de 4 mil pessoas a seu velório, no ‘Teatro de Revista Madureira’. O próprio presidente da República na época, Juscelino Kubitscheck, pretendia comparecer ao funeral, como revelou a notícia publicada em O Globo: “Todavia, tarefas imprevistas, no Palácio do Catete, frustraram o seu propósito, pelo que o chefe do governo se fará representar no sepultamento da artista”. (…)

Completavam-se, então, cinco anos que ‘Zaquia Jorge’ havia inaugurado a casa de espetáculos – o primeiro e único teatro de rebolado do subúrbio carioca. A estreia ocorreu com a peça ‘Trem de luxo’, inclusive mencionada no samba ‘Estrela de Madureira’ (“E um trem de luxo parte / Para exaltar a sua arte / Que encantou Madureira“).

Extraído do Youtube de Fabaopkr

Roberto Ribeiro & Coro(1975)

Zaquia Jorge, a estrela do suburbio, vedete de Madureira (Avarese) – Avarese & Coro em Imperio Serrano 75(1974)

 

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Estrela de Madureira

Marcelo Moutinho em 30/01/2014

E pensar que essa mulher hoje quase desconhecida levou mais de quatro mil pessoas ao velório, no Teatro de Revista Madureira.

Em 23 de abril de 1957, ‘O Globo’ reportava: “Quando um guarda-vidas retirou, do perau em que caíra, o corpo da vedete, Celeste Aída abraçou-se ao cadáver, chorando copiosamente. Vira a amiga desaparecer e tudo fizera para salvá-la. Na areia, assustadas, cinco girls assistiam à luta de Celeste, sem poder ajudá-la. Afinal, cansada e desanimada, Celeste voltou às areias, Zaquia Jorge desaparecera e, quando foi encontrada, já estava quase sem vida”.

Zaquia, que completaria neste mês 90 anos, é a ‘Estrela de Madureira’ da canção de Acyr Pimentel e Cardoso. Sucesso na voz de Roberto Ribeiro, a música foi composta como samba-enredo para o Império Serrano. Mas não chegou à Avenida. Naquele 1975, a escola cantou o samba de Avarese, vitorioso na quadra, e que se inicia com uma saudação à homenageada (“O Império deu o toque de alvorada/ Teu samba a estrela despertou/ A cidade está toda enfeitada/ Pra ver a vedete que voltou”).

Antes disso, a atriz havia sido pranteada em outro samba, o célebre ‘Madureira chorou’ (“Madureira chorou/ Madureira chorou de dor/ Quando a voz do destino/ Obedecendo ao divino/ A sua estrela chamou”), de Carvalhinho e Júlio Monteiro, gravado por Joel de Almeida em 1958 (ouça adiante!). Curioso é que tanto ‘Estrela de Madureira’ quanto ‘Madureira chorou’ são atualmente pouco relacionados à atriz.

E pensar que essa mulher hoje quase desconhecida levou mais de quatro mil pessoas ao velório, no ‘Teatro de Revista Madureira’. O próprio presidente da República, Juscelino Kubitschek, enviou representante ao sepultamento. Completavam-se, então, cinco anos que Zaquia inaugurara a casa de espetáculos — o primeiro e único teatro de rebolado do subúrbio carioca. Na estreia, foi encenada a peça ‘Trem de luxo’, à qual ‘Estrela de Madureira’ faz alusão: “E um trem de luxo parte/ Para exaltar a sua arte/ Que encantou Madureira”.

A compra do teatro, que funcionou no prédio onde hoje há uma loja de eletrodomésticos, deu-se após carreira de sucesso como vedete. Zaquia trabalhou com Walter Pinto e atuou em filmes de Gilda de Abreu e Luiz de Barros até que decidiu abdicar dos holofotes mais disputados da cidade e, com pioneirismo, levar a arte da revista para além do Centro e da Zona Sul.

Seu trágico afogamento na Praia da Barra, aos 32 anos, suscitaria polêmica. Comentou-se à época que a artista teria bebido uma garrafa de uísque antes de entrar na água, mas o exame de alcoolemia deu negativo. A imprensa chegou a falar em homicídio.
O fato é que a morte de Zaquia significou também o fim de seu teatro. E o primeiro passo para o gradual ocaso que as canções sobre ela tentam, parcialmente, iluminar.

Extraído de http://odia.ig.com.br

Madureira chorou (Prudente de Carvalho(Carvalhinho) & Julio Monteiro) – Joel de Almeida & Coro(1957)

 

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Zaquia Jorge, Vedete do Subúrbio, Estrela de Madureira

Fernando Sagatiba, em 06/01/2014

Quando fiz o artigo enumerando sambas-enredo campeões no gosto popular, mas que não foram campeões na avenida, citei ‘Zaquia Jorge’, por protagonizar um dos sambas mais famosos e queridos do mundo, e, na ocasião, prometi falar mais sobre ela futuramente. Pois o futuro chegou (pam paam PAAAM!!!). O samba que ganhou o direito de defender o Império Serrano na disputa oficial não foi o que Roberto Ribeiro gravou. Acontece que o concurso para escolha do samba de 1975 teve ‘Zaquia Jorge, Estrela de Madureira, vedete do Subúrbio’, de Avarese, como campeão. O que Acyr Pimentel e Cardoso compuseram, não fora aproveitado na escola, assim, o imperiano Roberto Ribeiro gravou com o sucinto título de ‘Estrela de Madureira’. Na apuração, o Império Serrano ficou com um honroso terceiro lugar, já a canção gravada por Ribeiro, tornou-se uma campeã de público, tocada até hoje em diversos shows e rodas de samba. Mas quem foi ‘Zaquia Jorge’ afinal?

Antes, precisamos falar uma coisa, ‘Zaquia Jorge’ (1924-1957) foi um ícone cultural, mas em nada teve a ver com Samba, não diretamente. Ela nasceu em 6 de janeiro de 1924 e morreu a 22 de abril de 1957, teria hoje 90 anos. Ela revolucionou algumas frentes que, hoje em dia, ainda encontram preconceito da sociedade, naqueles tempos, deve ter sido um exemplo e tanto e uma figura admirável de se ver em ação. Bem, já que se eu ficar imaginando, eu paro de escrever, vamos falar da vedete principal do subúrbio da central. Zaquia foi uma vedete do Teatro de Revista (peças de teatro onde se fazia paródias de fatos e eventos de conhecimento público num misto de humor e – mais tarde – nudez… talvez uma espécie de embrião das pornochanchadas e essa mania ‘zorratotalizada’ de associar mulheres nuas e humor que não sei de onde vem, mas estou divagando…).

Zaquia fez sucesso em diversas companhias teatrais até que decidiu levar o teatro de revista para o subúrbio, lugar pouco agraciado com espetáculos culturais, e que Zaquia achava que precisava desse tipo de manifestação artística. Isso para não deixar na mão, diversos profissionais que poderiam amargar o desemprego da arte, com o fim da companhia da qual fazia parte. Sendo assim, ela conseguiu angariar subsídios para criar o Teatro de Revista Madureira, com direito a ações de ‘marketing’, anunciando, promovendo abate no valor de ingressos e outras medidas para atrair aquele público pouco habituado com essa forma de entretenimento. O espetáculo de estreia, adivinha? Trem de luxo (aquele que parte para exaltar a sua arte, que encantou Madureira).

O ‘’Madureira” só encontrou seu fim por causa da morte de Zaquia, por afogamento, na praia da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro-RJ, 5 anos após sua inauguração. Mas, mesmo com o palco apagado, a apoteose é o infinito, continua a estrela brilhando no céu, como diria o samba imortalizado por Roberto Ribeiro, do mesmo Império Serrano que mandou uma coroa de flores para o velório da vedete, atriz e empresária, às vésperas do dia de São Jorge, santo cuja uma imagem se localizava sobre o palco do Madureira, santo padroeiro do Império Serrano. Pensando bem, não é à toa que Zaquia e Império tenham tanta ligação, a ponto de muitos nem saberem quem foi a estrela e adorarem o samba assim mesmo.

Enfim, atriz, cantora, empresária, escritora e, sendo mulher, na década de 1950, ela poderia ser considerada uma mulher à frente do seu tempo ainda hoje, quando mulheres ativas e independentes são motivo de desprezo da sociedade conservadora, pelo ‘atrevimento’ de lutar pela arte e cultura brasileiras e no interesse em leva-las a um público carente desse tipo de intento. A moça, falecida aos 32 anos, hoje em dia, quase não é lembrada pelo grande público, mas para quem conhece sua história só por alto, tem uma boa noção de porque sua partida mereceu uma homenagem de Carvalhinho e Júlio Monteiro, Madureira Chorou: “Madureira chorou / Madureira chorou de dor / Quando a voz do destino / Obedecendo ao divino / A sua estrela chamou”.

Mais de 4 mil pessoas compareceram ao velório da estrela de Madureira no teatro que levou o nome do bairro. Até o então presidente Juscelino Kubitscheck teria ido se despedir se não fossem “tarefas imprevistas, no Palácio do Catete”, conforme noticiou O Globo. A inegável importância de Zaquia Jorge para Madureira e o teatro brasileiro é evocada a cada roda de samba onde se canta um desses sambas em homenagem a ela, principalmente Estrela de Madureira, mesmo que não se lembrem dela, o subconsciente popular, tão bombardeado de regrinhas preconceituosas e inúteis, também é espaço a ser permeado com boas referências.

Extraído de https://raizdosambaemfoco.wordpress.com

 

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Em 1975, no Rio de Janeiro, o Salgueiro de Joãzinho Trinta, um dos mais brilhante aluno do Mestre Pamplona (NÃO DE ACADEMIA), levava a escola do Borel a glória de ser os grandes campeões do ano, cantando o genial enredo “As minas do rei Salomão”.

Embora os “salgueirenses” tivessem feito um desfile primoroso, na verdade o que realmente me tocou e ficou estagnado em minha mente foi o desfile da verde e banco de Madureira.

O ‘Império Serrano’, escola de Molequinho, Mano Elói, Fuleiro, Avarese, Ivone Lara, Silas de Oliveira, Mano Décio, Roberto Ribeiro, Arlindo Cruz e tantos outros bambas.

Fundada em 23/03/1947, entre muitas proezas a escola introduziu no samba o prato metálico e a frigideira e fez dos agogôs marca registrada em sua bateria, perseverando a tradição e deixando vivo a nobreza de seus “números baixos”. Ainda hoje, é possível ver os “cabeças branca” carioca desfilando, com a certeza de serem os principais fatores de dignidade nas escolas de samba.

Naquele ano mostrando o enredo falando da bela morena ‘Zaquia Jorge’, os imperiais brilharam ficando em 3º lugar no desfile.

Roberto Ribeiro fez o samba “sobrar” na avenida com sua grande interpretação aliado ao “chão” de uma das maiores comunidade de samba do Rio, e assim foi…

Baleiro bala
Grita o menino assim
Da central a Madureira
È Pregão até o fim.

Na época meu amigo Waltinho, levado pelo Jorginho Saracura a Bela Vista, dava seus primeiros passos no solo do bixiga, apaixonando-se de imediato pela preto e branco. Porém, após assistir esse desfile no Rio, me confessou que acabara de arrumar um “caso carioca” que mal sabia ele duraria até os dias de hoje (eh, eh, eh)…

A vedete ‘Zaquia Jorge’ na verdade foi um enredo fenomenal, pois além de mexer com o emocional da cidade, da escola e as reminiscências do povo de Madureira exaltou a vedete do teatro rebolado, uma mulher à frente do seu tempo, mulher essa de personalidade forte, que enfrentou a opinião pública machista da época usando seus “maiôs” que se cortados, nos dias de hoje daria para fazer três ou quatro biquínis para as mais recatadas senhoras.

Grande empreendedora foi empresária num tempo inóspito, com seu Teatro fundado em Madureira (Teatro de Revista Madureira). De pioneirismo ímpar preocupou-se com o povo, fazendo a tão necessária cultura atravessar a cidade e brindar o subúrbio… Num breve relato, a história nos conta que a bela atriz morreu, fatídicamente, em 1957, aos 32 anos, afogada numa praia da Barra da Tijuca.

O teatro então passou a ter o seu nome, mas não sobreviveu a perda de sua estrela maior e num samba cantado por Joel de Almeida (grande cantor da época) o povo de Madureira firmou o refrão…

Madureira chorou
Madureira chorou de dor
Quando a voz do destino
Obedecendo ao divino
A sua estrela chamou…

Mergulhando na história de “seo” Alfredo Costa, presidente e dono da Prazer da Serrinha que como Paulo Brazão (alô Vila Isabel) e Paulo da Portela, também foi cidadão samba, descobri que foi por dissidência de seus jovens sambistas Molequinho, Fuleiro e outros a fundação da invejável Império Serrano, escola que em 1975 cantou esse belo enredo falando de ‘Zaquia Jorge’. Aliás, para quem gosta de pesquisar ou simplesmente conhecer a história das escolas de samba ai esta um bom prato. A escola Imperial tem um acervo desenvolvido pelo seu departamento cultural que retrata sua história e suas tradições com uma riqueza impressionante, talvez uma das mais belas e completas do País.

O interessante é que no desfile de 1975 o samba de Avarese que foi para a avenida (Baleiro Bala…) sem dúvidas empolgou (e como), mas o que até hoje não consigo compreender é o samba de Acyr Pimentel e Cardoso cantado por Roberto Ribeiro num show na segunda metade da década de 70 na quadra da Rosas de Ouro em Vila Brasilândia.

Não compreendo porque entre tantos outros, o samba cantado naquela noite na roseira me induziu a buscar o entendimento… Quem era ‘Zaquia Jorge’? Pesquisando fiquei com a impressão que a “Estrela de Madureira” sem dúvidas é uma das estrelas que brilha em nosso céu, eterna e a cada noite mais bela!

Soube também que aquele samba tão lindo, cantado na quadra da Rosas, era um samba de enredo, concorreu e foi eliminado nas eliminatórias ou cortes de sambas enredos, pelo grande Avarese que tantos sambas fez para a escola. Avarese, que puxou o primeiro samba enredo da escola (Antonio Castro Alves) em 1948 reapareceu magnificamente em 1974 e ganhou a disputa de sambas enredo na quadra. Mas a “pintura” de samba que eternizou a bela Zaquia foi…
Com medalhão no peito, calça boca de sino, cabelo black power, Roberto Ribeiro subiu o pequeno palco de madeira em nossa saudosa quadra na “Brasa” e mandou…

Extraído de http://butiquimdodica.blogspot.com.br

Tags: 1975 / Almeida / Avarese / Cardoso / Carvalhinho / Estrela / Madureira / Monteiro / Pimentel / Prudente / Ribeiro / Serrano / vedete / Zaquia /
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