Luar do sertão
Esta composição está no rol das músicas que mais se identificam com a gente e a alma brasileira, do qual também fazem parte “Tristeza do jeca”, “Aquarela do Brasil” e Asa branca”. Tem letra de Catulo da Paixão Cearense, e há controvérsias quanto à melodia, oficialmente também creditada a Catulo, mas que teria sido elaborada pelo violonista João Pernambuco a partir do tema folclórico nordestino “É do Maitá”. O que ninguém discute é a beleza e o sucesso irrestrito deste clássico da MPB. Aqui está o registro original, feito na era mecânica de gravação fonográfica por Eduardo das Neves, com o rótulo de “toada sertaneja”. Foi lançado pela Odeon/Casa Edison em fevereiro de 1914, disco 120911 (ouça adiante!), dando o pontapé inicial para inúmeras outras gravações. Direitos fonográficos reservados à Universal Music Ltda.
Extraído de Samuel Machado Filho
Eduardo das Neves & Coro(1914)
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A toada “Luar do sertão” (1914) reivindicada por Catulo da Paixão Cearense como autor único, deve ter apenas a letra composta por ele, pois provavelmente é adaptação de uma melodia de domínio popular, recolhida e modificada por João Pernambuco – “É do Maitá” ou “É do Humaitá”.
Homem simples, semianalfabeto, João Pernambuco tinha pouca noção de direitos autorais. Entretanto, contou com defensores ilustres como Almirante e Heitor Villa-Lobos que, embora não conseguindo o reconhecimento oficial, deram-lhe credibilidade.
O próprio Catulo, numa ocasião, disse a Joel Silveira que compusera Luar do Sertão ouvindo uma melodia antiga cujo estribilho era “É do Maitá”.
Partiu ainda de Almirante a iniciativa de tornar “Luar do sertão” o prefixo da Rádio Nacional do Rio de Janeiro (1939).
Extraído de http://seresta.tripod.com
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O sujeito de “Luar do sertão”, de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco, desenha a beleza da paisagem de seu lugar, de sua gente e de sua origem. Sujeito simples, sem grandes ambições materiais, ele canta as coisas mais simples da vida e, por isso, detentoras da felicidade.
Canção do exílio, “Luar do sertão” é o lamento (“Oh que saudade”) da distância: do sujeito separado de seu recanto rural, provavelmente por ter sido preciso ir buscar melhores condições financeiras, para o sustento da vida, nos centros econômicos: na cidade.
Fácil de cantar, com versos que contam a trajetória de muitos brasileiros, a canção virou hino deste tipo de migrante. Há uma melancolia, toda humana e sentidamente singela, no canto do sujeito que, em algum lugar da “cidade grande”, perdido na noite fria, evoca o deslumbre da lua do sertão, para figurativizar a gênese de sua existência: a lua é canção – canta o sujeito, que retribui com outra canção.
Interpretada em vários momentos de nossa história, por diferentes cantores, a versão de “Luar do sertão” dos irmãos Pena Branca (José Ramiro Sobrinho) e Xavantinho (Ranulfo Ramiro da Silva) tem brilho e calor ímpar (confira em ‘O tempo não apagou’).
Aqui, vale trazer um pouco da biografia dos dois para compor a imagem que a canção pede: irmãos, começaram a cantar juntos ainda na infância, na zona rural de Uberlândia (MG), onde trabalhavam na lavoura. A ida para São Paulo, tentar a sorte, foi em 1968, quando conhecem outras duplas caipiras, como Tonico e Tinoco e Milionário e José Rico. O mais é trabalho e história.
“Luar do sertão”, que está no disco ‘Ribeirão encheu’ (1995) é uma toada feita para acalentar a saudade: saudade que significa a sensação de estar envelhecendo longe de “seu lugar”. A dicção vocal da dupla tenciona a agonia do sujeito da canção, ainda mais quando lembramos e ligamos a isso a imagem de Pena Branca e Xavantinho, com o sertão na aparência física, cantando na TV, acompanhados da imprescindível viola caipira.
O sujeito, que não se acomoda na cidade, também não define o lugar de onde canta: supomos que seja, exatamente, no entrelugar, no desconforto: é deste lugar que sai o canto: do coração que não encontra pouso fora da terra natal, do sertão, que “está em toda parte”, como Riobaldo, personagem de ‘Grande sertão: veredas’, aponta.
Por outro lado, é na realidade sertaneja que encontramos a grande síntese da épica-dramática brasileira. Como a professora Walnice Nogueira Galvão escreve, no livro ‘As formas do falso’, “o sertão é o núcleo central do país”.
A personagem de Guimarães Rosa ainda aponta: “sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado!”.
O sertão é um estado-de-coisas e é consciência-de-si para o sujeito de “Luar do sertão”: é a solidão; é a saudade, mas é muito mais que isso. O sertão está incorporado ao ser. O sertão guarda uma mística, nada metafísica, que aniquila todos os dispositivos de interpretação dados pelos centros acadêmicos e econômicos “da cidade”. Estar no sertão é estar “no nada que é tudo”.
Com sua paisagem movediça, o sertão ilude: chama e espanta. O indivíduo cai no mar da abstração: caminha rumo ao infinito, sempre apartado de si, mas, por isso, com um único desejo: morrer abraçado à sua terra – gênese e identificação perdida.
Extraído de http://365cancoes.blogspot.com.br/
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“Luar do sertão” é uma toada brasileira de grande popularidade. Seus versos simples e ingênuos elogiam a vida no sertão, especialmente o luar. Foi originalmente um coco sob o título “Engenho de Humaitá”. Catulo da Paixão Cearense defendeu em toda a sua vida que era seu autor único, mas hoje em dia se dá crédito da melodia a João Pernambuco (1883-1947). É uma das músicas brasileiras mais gravadas de todos os tempos.
Extraído de https://pt.wikipedia.org
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No programa “Brasil Sonoro” levado ao ar no dia 8/10/2016, pela E-Paraná – 97,1 FM e 630 AM, a canção “Luar do sertão” foi por nós lembrada no quadro ‘QUAL DELAS ?’ (ouça adiante!).
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