O orvalho vem caindo
Do romântico “Agora é cinza” ao espirituoso “O orvalho vem caindo”, o repertório do carnaval de 34 ofereceu opções para todos os gostos. Explorando um estilo que lhe rendera o bem sucedido “Com que roupa?”, Noel Rosa apresenta aqui um personagem boêmio que dorme ao relento, passa mal e canta a própria miséria de forma engraçada, parecendo não ligar para o azar.
Mas este samba curioso tem em sua história um enigma jamais esclarecido: por que razão Kid Pepe – que até tinha fama de falso compositor entrou na parceria? Entrevistado na época sobre o assunto, Noel desconversou: “Não devemos dizer. É segredo nosso”.
Extraído de http://cifrantiga3.blogspot.com.br
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O livro “Noel Rosa – uma biografia” relata a sinistra entrevista dos autores de “O orvalho vem caindo” ao jornal “O Globo”. Tinha-se a suspeita de que Kid havia comprado a parceria de Noel. Os dois se dissimularam bem das diversas indiretas do jornalista: “é segredo nosso!” Se assim tiver sido, que feio, não é? Isso não é muito natural!.
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Em 1934, foi gravada a sua primeira música de Kid Pepe, “Eu era feliz”, em parceria com Germano Augusto, interpretada por Patrício Teixeira e, no mesmo ano, alcança seu primeiro sucesso, “O orvalho vem caindo”, em parceria com Noel Rosa (ouça adiante!).
A partir do sucesso de “O orvalho vem caindo”, começa a perturbar Noel Rosa, pois Kid só pensava em como seria vantajoso ser seu parceiro exclusivo, porém este jamais aceitou e disse isso categoricamente. Kid Pepe, com toda a sua malandragem, passou a ameaçá-lo, chegando até a persegui-lo, procurando-o por todos os lugares e sempre voltando ao assunto da parceria exclusiva. Noel chega a ficar assustado. Zé Pretinho, outro compositor da época, chegou a abordar Kid Pepe para deixar Noel em paz, chegando a lhe mostrar uma arma. Noel, muito grato a isso, acabou presenteando-o com algumas composições.
Ameaçava vários outros compositores entre eles Almirante, que negou parceria. Nas proximidades do carnaval de 1935, irritado por não ter gravado mais nenhuma canção, Kid Pepe, completamente bêbado na “Galeria Cruzeiro”, em plena Av. Rio Branco, imprevisivelmente, tentou feri-lo na barriga com um canivete. Felizmente não o atingiu, graças a um dos grandes botões de osso de seu paletó.
Kid levou a fama de boxeador que usava os punhos para arrancar parcerias dos mais fracos.
Com relação ao samba “O orvalho vem caindo”, há razões de sobra para muitos estranharem o fato de Kid Pepe ser parceiro de Noel. Eis que uma feliz coincidência, levou um jornalista de “O Globo” entrevistar Kid Pepe e ouvir do próprio que “nada entende de música”. Logo em seguida deparam-se os três (Kid, Noel e o repórter) no “Café Trianon”, quando o próprio Noel pôs-se a elogiar o novo parceiro, tudo isso porém com trocas de olhares misteriosos e sorrisos enigmáticos. Ambos fizeram questão de serem vagos a respeito do modo que compuseram o grande sucesso. Fica aí a dúvida.
Tudo nos leva a crer que esta história é como muitas outras, que a criação da música é de um compositor e que Kid Pepe entrou na parceria apenas com seus músculos.
Dizem que era um perigo ambulante e sonoro. Mostrava suas músicas, impunha-as ao intérprete e o coitado que as recusava, algumas vezes era levado ao estúdio com uma navalha nas costas.
Em meados de 1940 suas canções de sucesso começaram a rarear.
Faleceu em 1961 como indigente no Hospital Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
http://musicachiado.webs.com
Almirante & Os Diabos do Ceu(1933)
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Clássico do samba, de Noel Rosa e Kid Pepe. Uma parceria, segundo Almirante, “na marra”, já que Kid Pepe, pugilista, obrigava Noel a ser seu parceiro, pois não queria dispensar o talento do “Poeta da Vila”. Quando Almirante interveio para desfazer a parceria, Kid Pepe reagiu com violência contra ele. Ainda assim, “a maior patente do rádio” acabou gravando este clássico na Victor, em 3 de novembro de 1933, com acompanhamento dos Diabos do Céu, de Pixinguinha, e lançamento em janeiro de 34, com vistas ao carnaval, sob número de disco 33734-A, matriz 65876. “O orvalho vem caindo” foi grande sucesso nessa folia, e tem várias regravações (confira em “O tempo não apagou”). Confira também o lado A, “Você, por exemplo”. Direitos fonográficos reservados à Sony Music Entertainment (Brasil) Ltda. ISRC: BRBMG-3300004.
Extraído de Samuel Machado Filho
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