Paraíba
Mais um baião clássico da parceria do pernambucano Luiz Gonzaga com o cearense Humberto Teixeira, homenageando a pequenina (geograficamente) Paraíba, feminina só no nome, mas muié macho, sim, senhor! O pau Pereira a que a música se refere vem a ser o Coronel José Pereira Lima (1884-1949), chefe político da cidade de Princesa, do sertão da Paraíba, que, dois antes das eleições de 1930, por divergência com João Pessoa, insurgiu-se contra o governo de seu estado e “separou-se” dele, instituindo a popularmente chamada “República de Princesa”, cujo território livre chegou a proclamar e formalizar por decreto em 9 de junho de 30. De fato, o coronel era o próprio pau Pereira, que roncou alto em Princesa. Criação imortal de Emilinha Borba na Continental, em primeiro de março de 1950, lançada entre esse mês e abril do mesmo ano, disco 16187-B, matriz 2256, com enorme sucesso (ouça adiante!). O próprio Luiz Gonzaga só o gravaria em 1952 (ouça adiante!).
Extraído de Samuel Machado Filho
Emilinha Borba & Os Boemios & Canhoto e seu Conjunto(1950)
Luiz Gonzaga(1952)
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O que se conta é o seguinte: Antônio Silvino era o cangaceiro mais conhecido dos sertões nordestinos, até aparecer Lampeão. Silvino chamava-se, de batismo, Manuel Batista de Morais e adotou o novo apelido em homenagem e demonstração de fidelidade ao antigo chefe, depois deste morrer.
Uns dizem que essa música de Humberto Teixeira refere-se a um episódio de invasão da cidade de Princesa Izabel, na Paraíba, pelo bando de Silvino, em 1927. Na ocasião, dava-se uma seca tremenda e os homens teriam saído todos em busca de trabalho. As mulheres teriam defendido a cidade e posto o bando para correr, armadas de porretes de pau pereiro.
Há um problema nisso, é que Antônio Silvino foi preso em 1914 e ficou encarcerado no Recife até 1937, quando recebeu um indulto do Presidente Getúlio Vargas, por comportamento exemplar. Na prisão, ele trabalhava com couros – era exímio nisso – e ensinava o ofício aos outros presos.
Por outro lado, é conhecido o respeito que Silvino tinha com as mulheres, ao contrários de outros bandos, como o de Lampeão, onde as violações e espancamentos eram frequentes. Assim, o enfrentamento entre as mulheres de Princesa Izabel e os homens de Silvino não é plausível.
É mais provável que o episódio inspirador tenha sido a Guerra de Princesa Izabel, em 1930. Um conflito grande, dadas as circunstâncias, entre chefes políticos locais e o Presidente da Província da Paraíba, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque.
O líder de Princesa era o Coronel José Pereira Lima, que chegou a ter quase dois mil homens sob seu comando e criou o Território Livre de Princesa, área autônoma que não atendia ao governo da Paraíba. As forças públicas da Paraíba não conseguiram conquistar Princesa e sofreram derrotas humilhantes.
Extraído de http://www.apocaodepanoramix.com/
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Mulher macho sim senhor.
A ignorância trabalha a favor do preconceito.
Em 1930, foram candidatos Getúlio Vargas a presidente e João Pessoa a vice.
Na época, o voto era aberto, ou seja, do lado esquerdo estava o livro de Júlio Prestes e do lado direito estava o livro de Getúlio.
E ai daquele que, na fila, trocasse o livro de votação; seria severamente punido pelos seus Coronéis de plantão que ali ficavam o dia inteiro pra dirigir o voto da “manada”. Esse era o chamado “Voto de Cabresto”.
Apuradas as eleições, quem foi eleito? Quem? Quem? Júlio Prestes, lógico.
E aí, João Pessoa disse a Getúlio:
– Ou teremos voto secreto, ou nunca nós do Partido Liberal ganharemos uma eleição.
A partir daí travou-se o seguinte diálogo:
– Nós temos que partir pra luta, pra bala, Getúlio.
– Mas como poderemos brigar sem termos armas João?
– Brigaremos de baladeira (estilingue), bodoque, funda, pedra e páus, de qualquer jeito.
Convenceu Getúlio e ele subiu do Rio Grande do Sul e João Pessoa desceu da Paraíba, para a luta armada.
No Recife, João Pessoa foi assassinado, o que revoltou a maioria da população brasileira e a revolução de trinta ganhou muito mais força e adeptos. Getúlio terminou amarrando os cavalos no monumento do Ipiranga em São Paulo.
A partir daí, chegou ao Rio de Janeiro já de trem, aclamado pelo povo.
Tivemos a partir de Getúlio, o voto secreto, a jornada de 8 horas, o descanso semanal, as férias, o FGTS, ou seja, as leis trabalhistas em geral .
Considerando que a revolução iniciou com João Pessoa da Paraíba, Humberto Teixeira fez a música Paraíba Masculina e Luiz Gonzaga gravou. Foi uma homenagem a um Estado tão pequenino, feminino, mas que transformou a nação inteira.
Por má interpretação, e ajudada pelo próprio Gonzaga, na sua última versão, empurrado pela sua gravadora a seguir a onda e mais grana ganhar, ele gravou a versão que diz: “vai pra lá peste” e ai desvirtuou toda criatividade e todo o arcabouço histórico que Humberto Teixeira quis imprimir na música.
No Brasil, somente existem dois estados femininos: a Bahia e a Paraíba, (mesmo Santa Catarina que deveria ser feminino, não o é). Sempre nos referimos a ela como: o Estado de Santa Catarina. Não dizemos a Santa Catarina do jeito que dizemos a Bahia e a Paraíba.
Certos versos, como o que diz: “eita, pau Pereira” se refere a Zé Pereira que indignado com o voto de cabresto e outras excrescências da República Velha, proclamou a República Independente de Princesa (cidade onde vivia, também na Paraíba).
Outro verso: “seu bodoque não quebrou” refere-se à coragem de João Pessoa em brigar de qualquer forma, mesmo de bodoque.
“Hoje eu mando um abraço pra ti pequenina.
Paraíba masculina
mulher macho sim senhor”
“Mulher macho” não tem nada a ver com sapatão. “Mulher macho” se refere a própria Paraíba (Estado), pequenina, feminina, porém definitiva na história da nossa nação.
Extraído de http://profisabelaguiar.blogspot.com.br/
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Em 1929, a Aliança Liberal – coligação oposicionista formada por políticos do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba – lançou as candidaturas de Getúlio Vargas, presidente do Rio Grande do Sul, à presidência da República e de João Pessoa de Queiroz, presidente da Paraíba, a vice-presidente (na época, os governadores de estado eram chamados presidentes).
Essa coligação, derrotada nas urnas pelo situacionista Júlio Prestes, seria o embrião das forças que deflagrariam a Revolução de 30, movimento vitorioso que mudou o curso de nossa história. O atrevimento da pequena Paraíba, participando valentemente desses acontecimentos, inspirou a expressão “Paraíba mulher macho, sim senhor”, aproveitada vinte anos depois por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira num jingle político, logo transformado no baião “Paraíba”.
Só que, esquecida a origem, a expressão foi tomada ao pé-da-letra pela malícia popular, que a vinculou ao homossexualismo feminino – “Quando lama virou pedra / e mandacaru secou / quando ribaçã de sede / bateu asas e voou / foi aí que eu vim-me embora / carregando a minha dô / hoje eu mando um abraço pra ti pequenina / Paraíba masculina, muié macho, sim sinhô”.
Na segunda parte, o verso “Eta, pau Pereira em Princesa já roncou” é uma referência ao coronel José Pereira e à Revolta de Princesa, uma rebelião por ele comandada, em junho de 1930, contra o governo de João Pessoa. Zé Pereira chegou a proclamar a independência do município de Princesa no Decreto n° 1 de seu governo… Lançada por Emilinha Borba em março de 50 (Luiz Gonzaga só a gravaria em 52), “Paraíba” é um dos maiores sucessos de sua carreira.
Extraído de http://cifrantiga3.blogspot.com.br
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