Prá não dizer que não falei de flores
Entre tantas músicas, que de uma forma ou de outra nos conta os longos 20 anos de ditadura, existe uma em especial: “Prá não dizer que não falei das flores”, também conhecida como “Caminhando”. Esta música foi composta em 1968 por Geraldo Vandré, um homem paraibano, que depois de 1968 sumiu e ficou durante anos em silêncio, mas que deixou como herança para as novas gerações, uma composição que por muitos é considerada um hino contra a ditadura. Alguns ainda dizem que é a Marselhesa brasileira. Marselhesa foi um canto de guerra revolucionário que acompanhava a maior parte das manifestações francesas, e em 1975 tornou-se hino nacional da França.
A música de Vandré tem grande importância na história político-social do Brasil e suas contribuições para a transformação da sociedade brasileira perduram até os dias atuais. A letra de uma música traz consigo pensamentos de uma época, ideologias e características da cultura de um povo e, como um texto, é formada por elementos pragmáticos que trazem informatividade e a situacionalidade de sua composição.
Ela participou do III Festival Internacional da Canção e ficou em segundo lugar (ouça adiante!). Depois disso, teve sua execução proibida durante anos, pela ditadura militar brasileira. A composição se tornou um hino de resistência do movimento civil e estudantil que fazia oposição à ditadura militar durante os governo militar, e foi censurada. O Refrão “Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora, / Não espera acontecer” foi interpretado como uma chamada à luta armada contra os ditadores.
Ainda em 1968, com o AI-5, Geraldo Vandré foi obrigado a exilar-se. Depois de passar dias escondido na fazenda da viúva de Guimarães Rosa, morto no ano anterior, o compositor partiu para o Chile e, de lá, para a França.
Geraldo Vandré voltou ao Brasil em 1973 e até hoje, vive em São Paulo e compõe. Muitos, porém, acreditam que ele tenha enlouquecido por causa de supostas torturas que teria sofrido. Dizem que uma das agressões físicas que sofreu foi ter os testículos extirpados, após a realização de um show, por policiais da repressão. O músico, no entanto, nega que tenha sido torturado e diz que só não se apresenta mais porque sua imagem de “Che Guevara Cantor” abafa sua obra.
A canção “Prá não dizer que não falei das flores” foi usada em 2006 pelo Governo Federal como trilha musical para publicidade de suas políticas de educação como o ProUni e o ENEM, sendo executada em um ritmo diferente. Dessa forma, a música que foi considerada uma ameaça ao governo ditatorial passou a ser usada para publicidade do governo no período democrático.
A melodia da canção tem o ritmo de um hino, e sua letra possui versos de rima fácil (quase todos terminados em ão), que facilitam memorizá-la, logo era cantada nas ruas. E o sucesso de uma canção que incitava o povo à resistência levou os militares a proibi-la, usando como pretexto a “ofensa” à instituição contida nos versos: “Há soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão / Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição / de morrer pela pátria e viver sem razão”.
A primeira cantora a interpretar a canção, após o período em que ela esteve censurada foi Simone, em 1979 (ouça adiante!), conquistando enorme sucesso de crítica e público.
Extraído de http://www.eternasmusicas.com/
X.X.X.X.X
No III FIC, em 1968, a música ficou em segundo lugar, perdendo para “Sabiá” de Tom Jobim & Chico Buarque, que foi vaiada pelo público presente ao festival. Aos brados, exigiam a entrega do prêmio para a canção de Geraldo Vandré. Este, quando a interpretou após anunciado o segundo lugar, desabafou pedindo que não vaiassem a canção vencedora (ouça adiante!).
Geraldo Vandre ao vivo(1968)
Simone ao vivo(1980)
Geraldo Vandre em desabafo no Maracanazinho(1968)
X.X.X.X.X
Foi preocupado com uma possível rejeição do público e do júri que Geraldo Vandré entrou em cena para defender sua canção “Caminhando” na eliminatória paulista do III Festival Internacional da Canção. A preocupação tinha dois motivos: primeiro, a lembrança da vaia e da desclassificação que sofrera em 1967 na Record, com a música “Ventania”; segundo, o esquema que escolhera para apresentar “Caminhando” — sozinho no palco, acompanhado apenas de um violão. Mas o público o aplaudiu freneticamente e o júri acabou por lhe dar o segundo lugar na final, quando cantou com o Quarteto Livre.
Propositalmente despojada no aspecto melódico-harmônico (apoia-se somente em dois acordes), “Caminhando” tem o seu forte no teor revolucionário da letra — “Vem, vamos embora / que esperar não é saber / quem sabe, faz a hora / não espera acontecer / (…) / nas escolas, nas ruas / campos, construções / somos todos soldados / armados ou não…” Era um enorme passo à frente do ponto alcançado por “Disparada”, dois anos antes.
Essa postura audaciosa de desafio à ditadura, em pleno 1968, quando se processava a radicalização do regime, empolgou a plateia presente ao Maracanãzinho que, inconformada por não haverem os jurados dado a vitória a “Caminhando”, repudiou a vencedora “Sabiá”. O sucesso fulminante da canção de Vandré seria, porém, logo interrompido pela censura, enquanto o autor exilava-se no Chile.
Muitos anos depois, extinta a proscrição, “Caminhando” pôde novamente ser apreciada como exemplo de canto político-revolucionário (confira em ‘O tempo não apagou’). Uma curiosidade: classificada pelo maestro Lindolfo Gaya como uma guarânia e pelo próprio Vandré como “um rasqueado de beira de praia”, “Caminhando” mereceu do general Luís de França Oliveira, secretário de Segurança da Guanabara, o seguinte comentário, em entrevista que justificava a sua proibição: “Pra não dizer que não falei de flores” tem letra subversiva e sua cadência é do tipo de Mao-Tsé-Tung” (sic) (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).
Extraído de http://cifrantiga3.blogspot.com.br/
X.X.X.X.X
Pra não dizer que não falei das flores – Geraldo Vandré
“Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”
Talvez nenhuma música explique tão bem a repressão na ditadura militar do Brasil do que “Pra não dizer que não falei das flores”, do compositor e intérprete paraibano, Geraldo Vandré.
A canção caiu na boca do povo ao ser interpretada pelo próprio Vandré no Festival Internacional da canção de 1968. Logo que acabou o Festival, onde a música ficou em segundo lugar, a censura da ditadura militar já a proibiu de ser cantada.
Através da canção, Vandré falou e cantou o que todos estavam querendo dizer, mas não tinham coragem. Olhando para os militares, o cantor soltava o refrão que na verdade era uma chamada à luta armada contra os ditadores.
A música ficou proibida de 1968 até 1979, período que Vandré foi exilado e torturado pelos homens da ditadura.
“Pra não dizer que não falei das flores” é um hino de um homem que brigou para ser a voz de todos os brasileiros indignados de 1968.
Extraído de https://musicasbrasileiras.wordpress.com
Arquivo
- novembro 2025
- setembro 2020
- agosto 2020
- julho 2020
- junho 2020
- maio 2020
- abril 2020
- março 2020
- dezembro 2018
- outubro 2018
- setembro 2018
- agosto 2018
- julho 2018
- junho 2018
- maio 2018
- abril 2018
- março 2018
- fevereiro 2018
- janeiro 2018
- dezembro 2017
- novembro 2017
- outubro 2017
- setembro 2017
- agosto 2017
- julho 2017
- junho 2017
- maio 2017
- abril 2017
- março 2017
- fevereiro 2017
- janeiro 2017
- dezembro 2016
- novembro 2016
- outubro 2016
- setembro 2016
- agosto 2016
- julho 2016
- junho 2016
- maio 2016
- abril 2016
- março 2016
- fevereiro 2016
- janeiro 2016
- dezembro 2015
- novembro 2015
- outubro 2015
- setembro 2015
- agosto 2015
- julho 2015
- junho 2015
- maio 2015
- abril 2015
- março 2015
- fevereiro 2015
- janeiro 2015
- dezembro 2014
- novembro 2014
- outubro 2014
- setembro 2014

