Tarde em Itapuã
“Tarde em Itapoan” provou definitivamente para Vinicius a capacidade de Toquinho de musicar suas letras. Toquinho explica: “Tínhamos feito quase três músicas quando Vinicius fez a letra de “Tarde em Itapoan”, e ia dar para o Caymmi musicar, porque não tinha ainda confiança em mim. Isso eu imagino, ele nunca me falou. Mas eu queria de todo jeito musicar aquela letra. Na época, não havia ainda computador, tudo era datilografado. Eu via Vinicius escrevendo aqueles versos há dias. Para conseguir meu intento, sem falar com Vinicius, peguei a folha da máquina de escrever e vim para São Paulo resolver uns negócios. Sabia a responsabilidade que tinha em mãos e demorei muito tempo pra concluir a melodia sem mexer numa sílaba sequer do texto original. Deu no que deu: um dos maiores sucessos da música brasileira registrado na alma de todo brasileiro. Parece que Vinicius letrou a música.
Voltei para Bahia depois de três dias, com o poema e a música pronta. Vinicius ficou ouvindo um tempão a música, e não falava nada. Ficava ouvindo no gravador, quieto, fumando, meio indeciso, tentando não se convencer. E o pessoal já começava a cantar na casa. Aí, ele me chamou e me disse que não ia dar mais para o Caymmi. Foi nessa que ganhei o poeta! É um poema todo lindo, tanto que eu não mexi uma vírgula dessa letra, não mudamos uma palavra. É difícil conservar uma letra inteira, perfeita como essa. Ela tem uma beleza grandiosa na riqueza dos detalhes. É uma música completa. Do meu repertório com Vinicius, é uma das que mais gosto. Nunca deixei de cantá-la em nenhum show. As pessoas gostam, cantam, fica uma harmonia religiosa no show. Quanto mais o tempo passa, quando canto essa música, as pessoas aplaudem na introdução. Depois que eu fiz essa melodia, o Vinicius me deu um voto de confiança”. (ouça adiante!)
Extraído de http://www.toquinho.com.br
Toquinho & Vinicius de Moraes & Marilia Medalha(1971)
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A parceria Toquinho & Vinicius iniciou-se com a canção “Como dizia o poeta”, apresentada pela primeira vez em setembro de 1970, durante uma temporada dos dois no Teatro Castro Alves, em Salvador. Na época foi realizada uma gravação improvisada para execução exclusiva na Rádio Difusora de São Paulo, tendo a música alcançado uma animadora repercussão entre os ouvintes.
Depois de fazerem mais duas composições, Toquinho conseguiu convencer Vinícius, com a ajuda de Gesse, mulher do poeta, a entregar-lhe uma letra que ele pretendia que fosse musicada por Dorival Caymmi. Então o compositor trabalhou dois meses para considerar pronta “Tarde em Itapoã”. “Quando ele ouviu, a princípio ficou meio indeciso. Achou boa, com uma certa dúvida. Começamos a cantá-la e as pessoas se apaixonavam pela música. Foi aí que ganhei Vinicius”, revela Toquinho no livro ‘Vinicius sem ponto final’, de seu irmão João Carlos Pecci.
Na verdade, a melodia do violonista caiu como uma luva na letra de Vinicius: “Um velho calção de banho / o dia pra vadiar / um mar que não tem tamanho / e um arco-íris no ar / depois, na Praça Caymmi / sentir preguiça no corpo / e numa esteira de vime / beber uma água de coco.” “Tarde em Itapoã” abriu o elepê ‘Como dizia o poeta’… música nova, que revelou o primeiro lote de canções interpretadas pelos dois e a cantora Marília Medalha.
Com a inclusão do Trio Mocotó foi criado o respectivo espetáculo, que depois da estreia em São Paulo, projetou pelo país o repertório da dupla, mantida em atividade até a morte do poeta em 1980.
Autor de extensa obra, Vinicius de Moraes adorava compor com figuras ilustres da MPB, tendo sido Toquinho o seu último parceiro fixo. Em que pese a existência de ótimas canções assinadas pelos dois — como “Regra três”, “Testamento” e o grande sucesso “Tarde em Itapoã” (confira em ‘O tempo não apagou’) —, é evidente uma queda de qualidade na produção de Vinícius nos anos setenta. Principalmente se comparada com a do esplendoroso período por ele vivido nas duas décadas anteriores (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).
Extraído de http://cifrantiga3.blogspot.com.br/
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